terça-feira, 6 de março de 2012

PSICOMAQUIA

O Episódio 26 da SAGA DOS PRODÍGIOS se apresenta antes do tempo...




ALIENÍGENAS. SIMBIONTES. DEUSES. Você não se cansa disso tudo, Lacernos?

A voz projetada na mente do Barão Darin Lacernos antes era “ouvida” uma oitava acima do normal; agora a voz era mais grave e distinta, e nela havia uma nota de exaustão. Lacernos manteve os olhos fechados – abri-los causaria vertigem enquanto ele comungava com o kobold – e continuou segurando com firmeza a lasca de cristal anão no fundo do bolso de suas calças brancas. Pensou em réplica, Não quando nós podemos ser os deuses. Não foi isso que você me prometeu, Mordekai?

Ah. Finalmente admitiu me chamar pelo nome, respondeu a voz satisfeita do kobold. O problema é seu se gosta de assumir a identidade do seu antigo mestre; continuou Lacernos dentro da própria mente, não sou eu que estou iludindo a mim mesmo... e espero que você não ME iluda.

Nem cogitaria isso. Ao contrário dessa minha encarnação anterior na carne, nossa relação é uma parceria lucrativa. Não sou seu escravo, e nem você é manipulado por mim. Lacernos perambulou pela cripta observando o corpo inconsciente de Manyu Daury, atendido pela dra. Urizen. Cada ponto daquele refúgio era seu conhecido e ele podia perfeitamente deslocar-se ali no escuro, quanto mais de olhos propositalmente fechados e sem nenhuma ameaça imediata por perto. Veja bem, caro Mordekai. Você me disse que o rapaz poderia ser preparado para envergar um uniforme-paradoxo, mesmo que tenha passado da idade. Pois ele está desacordado há horas. O que está acontecendo?

Veja bem, soou a voz mental do kobold, os paradoxos terracota usados pela maioria do Povo Neander constituem apenas a casta mais baixa possível entre os simbiontes paradoxo. Se forem implantados num humano como você e ele, que já passaram pela puberdade, vocês sofreriam uma morte excruciante. Felizmente o material da tearcubadora é de extrema qualidade, e os conhecimentos que o Mordekai anterior recebeu dos Alienígenas me permitem contornar essas restrições. Humanos dotados de paranormalidade latente podem se unir a um paradoxo, caso sejam estimulados apropriadamente. Sua amiga Urizen pode criar a seguinte variação do composto 151 do Livro Secreto de Vincent...

“Pare,” falou Lacernos em voz alta, atraindo o olhar da dra. Urizen, que logo voltou a vigiar Manyu. Você já repetiu esse discurso umas três vezes. Está com algum defeito? Foi exatamente o que me disse quando nos encontramos pela primeira vez, na Torre Azul. A voz do kobold foi ouvida novamente dentro da mente de Lacernos, desta vez no tom agudo ao qual o barão havia se acostumado, Desculpe, estou cansado. Nós... relíquias de eras passadas... sobrevivemos de energia vital de nossos... “donos” para continuar funcionando. E eu tenho trabalhado muito, Lacernos. É apenas natural que alguns erros surjam. Eu sou... antigo, compreende?

Com a outra mão, Lacernos coçou a face um tanto enrugada. Perfeitamente. Entendo perfeitamente. Então, se o tal composto funciona como você diz, qual a razão... a voz do kobold voltou ao novo padrão e interrompeu, Creio que ele sofreu algum choque quando estimulamos suas capacidades latentes. Mas ele vai acabar se recuperando, e nesse ponto poderemos proceder à união. As sugestões murmuradas por você e por Urizen enquanto ele está em transe vão deixá-lo vulnerável ao nosso domínio, e principalmente eu poderei transmitir toda a minha programação – minha essência, em palavras que você possa entender – para os cristais do uniforme que estamos preparando, e quando isto acontecer poderei controlar não só a mente do rapaz como toda a malha viva do paradoxo. Nesse momento poderei geminar – e passarei a você uma cria de uniforme feita sob medida para você, com quem andei durante esses dias. E é por isso que você NÃO pode me tirar do bolso, ou de sua aura pessoal. Eu preciso do máximo de familiaridade.

Mordekai... a voz de Lacernos retomou, quando o kobold fez uma pausa. Você mais uma vez está se repetindo. Diga-me uma coisa, se você prefere energia vital humana, será que...

No outro cômodo da cripta, Grassi sussurrava preces aos deuses. Talvez imaginasse que tudo aquilo era uma blasfêmia, mas era subordinado do Barão, não sobreviveria fora da gangue, estava sendo praticamente obrigado... e pedia perdão às divindades da Terra Castanha por cooperar com aquelas ideias absurdas de criar novos deuses. Infelizmente para Grassi, a súplica de perdão pelos pecados do seu Barão não chegou ao final: sentiu um toque frio no pescoço, uma ardência quase paradoxal nas veias e caiu morto.

Satisfeito agora, Mordekai? Lacernos caminhou para fora do cômodo, ainda mantendo os olhos fechados o tempo todo. A voz do kobold ecoou estranhamente parecida com a de Grassi:

Muito, Barão. Ao menos por enquanto.

Um comentário:

  1. FONTES DAS IMAGENS

    1
    Zain
    http://zupi.com.br/site_zupi/view/os_azuis_de_zain

    2
    Laprisamata
    http://zupi.com.br/site_zupi/view/o_misterio_da_beleza

    3
    Monobrow
    http://zupi.com.br/site_zupi/view/lembrancas_em_chamas

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