sábado, 3 de março de 2012

ETERNO RETORNO, BRUTAL RETORNO


Depois de vários meses, a SAGA DOS PRODÍGIOS retorna em seu Episódio 24...




A SITUAÇÃO PARECIA AO MESMO TEMPO DESESPERADORA e fácil de resolver. A aranha gigante não reagia bem aos golpes dos Prodígios, e logo seria derrotada. Em contrapartida, e era isto com que Charya se preocupava, Euro e Azif a enfrentavam trajando a brutal variação do uniforme-paradoxo que usaram quando estavam presos dentro da mente da Prodígio Vermelha – coisa que ela pensou ser apenas parte daquele sonho coletivo.


O sonho se tornava ainda mais realidade: o uniforme de Berya, ao seu lado, se modificava assumindo o aspecto de uma carapaça azulada, e a novata retirou uma segunda espada curta do antebraço. Logo um fogo elétrico irrompeu das duas espadas unidas e atingiu a aranha daath a metros de distância. Bem, as ameaças imediatas primeiro, pensou Charya, e fez um sinal telepático a Dova para que com ela avançassem contra o inimigo monstruoso.


A mocinha fez uma série de piruetas evitando os pontos mais perigosos daquele terreno e saltando de modo a alcançar primeiro a aranha gigante; e nesse movimento seu uniforme-paradoxo ia mudando, retraindo-se para revelar os ombros nus de Dova, e o báculo nas mãos da garota se transformava num longo cajado. O novo e brutal armadoxo da Prodígio Branca finalizou sua manobra, desferido com audácia e precisão contra a daath.


Charya tentava não repassar pelo elo mental sua sensação de surpresa com tudo aquilo; e a sensação se tornou ainda mais forte quando o calor tomou conta de seu corpo, o suor invadiu primeiro sua testa, depois todo seu corpo, até por baixo do uniforme simbionte, e uma quase fraqueza e náusea a fez estacar, paralisada diante dos quatro amigos atacando a aranha.


O suor aumentou causando uma coceira forte na pele de Charya; ela engoliu em seco e sentiu o elo mental desaparecer, depois a cena diante de si perdeu sentido, só ela existia, ela se recusava a estar ligada a qualquer coisa, enquanto sentia aquilo; a coceira evoluiu para uma sensação de prazer, e Charya apertou com força o cabo de sua katana armadoxo.


Foi quando o mundo se desfez diante de si, e mais uma vez Charya perdeu-se dentro de sua própria mente. Memórias corriam e voltavam, o rosto de um homem severo, uma voz dizendo, “Barão, barão...” uma fuga desesperada pelo deserto... sua quase morte no Ermo da Condenação e seu resgate pelo Grão-Mestre Bendante e seus filhos. E de repente as memórias tão vívidas dão um salto, e Charya vê a si mesmo deitada, seus quatro amigos deitados ao seu lado, na caverna dos contrabandistas, e Anisha ali cuidando deles. Bendante pede a Anisha que vá cuidar dos suprimentos em falta, e fica sozinho com os cinco Prodígios desacordados.


Charya sentia-se como uma presença incorpórea elevada logo acima de seu próprio corpo. O Grão-Mestre erguia a cabeça de Azif e abria seus olhos com uma pinça. Depois chegava o rosto mais perto e recitava algumas palavras, que Charya a princípio pensou serem de conforto. Mas não, Bendante pronunciava, “Fique perto de Charya e Dova... deixe Euro e Berya de lado... fique perto de Charya e Dova... deixe Euro e Berya de lado...” repetindo várias vezes.


Assombrada a moça viu o pai de Azif repetir essas palavras num estentor hipnótico, várias vezes, diante do rapaz em coma; e depois passou ao rosto da própria Charya, abriu-lhe um dos olhos com a pinça, e recitava: “Você é uma arma, você é um paradoxo, você rasga seus inimigos e é empunhada por Dova; você é parte de Dova. Você é uma arma, você é um paradoxo, você rasga seus inimigos...” várias e várias vezes, até que Charya não aguentou, rompendo a inércia do transe lethean e movida pela raiva, naquele estado espectral tentou atacar o Grão-Mestre e impedir aquela loucura.


Fechou os olhos de raiva, segurando a katana com as duas mãos, e ao fazê-lo rompeu o transe – mais uma vez, Charya envergava o modo brutal de seu uniforme-paradoxo, só que agora era tudo verdade, ela estava acordada como jamais estivera, e a armadura crustácea que cobria seu corpo não impedia seus movimentos nem a vontade de rasgar em duas aquela aranha maldita, só para descontar a vontade que tinha de punir o Grão-Mestre Bendante.


Com a katana de dois gumes nas mãos, a Prodígio Vermelha marchou para ajudar seus amigos a finalizar a morte daquele monstro.




Compilações das fases anteriores da SAGA DOS PRODÍGIOS

Um comentário:

  1. FONTES DAS IMAGENS

    1
    http://a-trompa.net/novos-sons/ermo

    2
    http://zupi.com.br/site_zupi/view/www.ronaldkurniawan.com/www.ronaldkurniawan.com/
    Não consigo acessar o site do artista Ronald Kurniawan, a zupi emerdou o link. Gostaria do nome desta imagem. Ficaí a divulgação desse psicodélico...

    3
    Angry Universe, Camilla d'Errico
    http://www.camilladerrico.com/art-camilla-derrico-gallery-painting/digital-1/angry-universe.html

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